segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Mais que amigos.


Éramos amigos sabe, aqueles que dizem serem "unha e carne". Contávamos todos os segredos um para o outro, aqueles que ninguém mais sabia, apenas nós. Ele sorria, eu entendia o por quê, ele virava a cabeça de maneira lenta e eu já sabia o motivo. Era tudo cronometrado, pontuado, na linha ou as vezes fora dela, era tudo harmonioso, as vezes me irritava, as vezes eu o estressava, as vezes eu caçoava dele, as vezes ele me fazia cócegas. Sabe, éramos amigos, verdadeiros amigos, éramos assim, até "deixar de ser" e você já deve saber porque... eu me apaixonei por ele. Essa paixão foi chegando bem mansa e traiçoeira, até acertar meu coração em cheio, e que força! Veio em um dia qualquer, na verdade um dia ruim. Não tínhamos conseguido entrar na inauguração de uma nova boate e ficamos andando pela rua até encontrar um lugar para relaxar, até que ele me fez entrar em um táxi e quando fui ver estávamos em um quiosque na praia. Para o nosso azar ele tinha esquecido o cartão, então compramos duas latinhas de refrigerante e fomos sentar na areia. Ele comentou sobre um grupo de garotas que passava, e eu como sempre fiz uma piada que nos fez rir e então ele disse: " Sinceramente, devo concordar que ninguém é sensacional como você. Você é extramente chata, insuportável e rabugenta... mas é a garota mais sensacional que eu conheço... te amo." e eu disse: "Nossa, vou chorar. Você disse eu te amo sem o "carinha" logo após. um grande avanço." Ele sorriu e isso era normal, o anormal foi ver seus olhos brilhando, nossa, que brilho! Meu coração acelerou e na mesma hora desviei o olhar. Para o meu azar, acredito que naquele momento já era tarde demais. Quando cheguei em casa não parava de pensar nisso, mas dizia a mim mesma que aquele brilho vinha da lua -que estava linda por sinal- e que não era nada demais, nada além disso, que era coisa da minha cabeça e que tudo voltaria ao normal da próxima vez que o visse. Quem dera...
No dia seguinte ele entrou no meu quarto gritando dizendo que íamos à piscina e quando abri meus olhos ele estava lá, sentado na minha cama e sem camisa... que corpo, o corpo que a uns dias atrás era apenas "um corpo",como qualquer outro. Fechei os olhos com força e tapei minha cabeça com o travesseiro na tentativa de apagar aquela imagem da minha cabeça e quanto mais eu tentava, mais sensual ela me parecia. Droga!. Tinha que fazer algo e o empurrei da minha cama. (não me julguem). Passei mais dois dias tentando esquecer tudo isso e tentando evitar que algo pior acontecesse. Algumas semanas se passaram, eu fiquei com outros caras e ele com outras mulheres como sempre foi e então ele finalmente se apaixonou, nossa, meu melhor amigo, aquele que dizia que só ia se entregar ao amor aos 40 anos estava apaixonado aos 22 e... não era por mim. É, acontece!
Alguns anos se passaram, nos beijamos duas vezes sem nada em especial e eu nunca disse isso para ele. Ele se apaixonou diversas vezes e eu mais uma vez até amar de verdade outra pessoa.
Mesmo que eu saiba que eu e meu amigo não nos amávamos, sabia que a atração que tínhamos era algo muito forte, algo que nunca tinha sentido por ninguém, nem mesmo pelo amor da minha vida... mas realmente, não era para ficarmos juntos, provavelmente não iríamos dar certo e por isso estou bem, mas sabe quando tem aquele sentimento láaaaa no fundo de que seria legal se tivéssemos tentando, ou em uma "bola de cristal" ver como seria!? é o que eu sinto toda vez que o vejo.
Acho que não deveria ter começado com éramos, ainda somos muito amigos, mas apenas amigos como deve ser.

Um comentário:

  1. Adorei o texto may ! dei uma risadinha na parte do "que corpo" li na tua voz hahaha

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